quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

inspira/expira/espia

Os dias são vagamente temáticos. Convites de casamento, remédios, filmes vistos pela metade. Um avançar lento. Cruzar as pernas, subir escadas, sentar no sofá. Tudo arriscado. Ousadia que passa do ponto. A dor arrepia os pelos do braço. Começa tudo de novo. Atravessa a rua. Pequenas vitórias. Mas nada tão bom quanto voltar a respirar fundo.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Sabe aquele colega ou amigo que consegue concluir o curso de gastronomia, ou termina de ler os ensaios de Montaigne, ou muda de carreira? Eu me pego tentando entender como isso funciona, isso de concluir, concluir planos, concluir sonhos, ou coisas mundanas como um curso de sommelier. Será que não enfrenta uma dúvida, uma hesitação, uma preguiça, uma vontade de dormir longas horas? Dormir é tão bom.  

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Hoje me dei conta de que Antes da meia noite estreará na próxima semana. A cada estreia de um dos Antes eu me sinto estranha. Essa é a trilogia que em mim resiste ao tempo, aos amores, aos términos, aos traumas, à vida. De tempos em tempos eu me canso deles, do Jesse e da Celine. Penso que são obscenamente semelhantes a quem eu fui e a quem eu sou, desconexos da realidade, marginais. Seria eu também marginal?


terça-feira, 9 de novembro de 2010



Every morning, the man would walk down the little road, counting the october leaves on the floor and waiting for the sun to rise. A cold breeze would touch his skin, reminding him of his childhood near the sea.
Every day, at 7 o´clock, he would stand in front of that window, the one with beautiful white curtains, adorned by japanese letters, in that little house, with the blue door.
He would stare at those symbols for three hundred and sixty seconds, trying to decipher their meaning.
After that, he would walk away, starting his day and singing the lines of a song about lost love.
“you must be somewhere in London, you must be loving your life in the rain…”

At seven past seven, the woman behind the closed curtains would wake up to the sound of the clock alarm and to a fading singing voice outside her window.
“you must be somewhere in London, walking every lane”
For another five minutes, she would stay in bed, breathing life in and out, up and down.
At a quarter past seven, she would be looking at herself in the mirror and waiting for the recognizant that took a while to happen.
At eight, she would be walking down the road, counting her steps to the bus station. The wind would go through her hair, making it fly in every direction. She would smile and wait.

The next day, everything would be the same. And the next day, and the next,  for exactly one month.

After thirty days, he would get married and she would give birth to a child.

The years would pass. Their routines would change.
But he would always remember the curtains.
And she would never forget the song.
And life would march forward.
Unmercifully.
giving credit where credit is due: the song mentioned in the short story can be found here: http://www.youtube.com/watch?v=JVp7C5vzMgw

domingo, 31 de outubro de 2010

...it took me two weeks...

Há palavras no idioma inglês que sempre me fascinaram. O som, o significado, a língua no céu na boca.

To perceive significa to become conscious of. Perception, que deriva deste verbo, é uma das sequências de letras que mais me faz sorrir.

Precisei de duas semanas para começar a desfazer minhas malas. Até então as roupas permaneciam amontoadas numa homenagem confusa à minha alma procrastinadora. A rearrumação das peças de vestuário e da vida começou, em verdade, hoje. E não terminará nos próximos dias.

Sem grande esforço de raciocínio é fácil concluir que só agora começo a me conscientizar de que meus próximos meses serão aqui.

(it´s all about perception).

terça-feira, 19 de outubro de 2010

175 steps

Durante minha adolescência, recebi aulas de desenho. Esquadro, compasso, lápis. E professores que estimulavam a criação, esperando encontrar a próxima Tarsila do Amaral. Recordo claramente  uma das aulas sobre abstratos. A idéia era criarmos com linhas cruzadas imagens coloridas que nos remetessem a alguma emoção. Cores primárias misturadas a secundárias, preenchendo a ausência entre as linhas traçadas pelo lápis de n.2.
Ontem, ao estudar o mapa do metrô de Londres, aquelas aulas vieram a minha mente. Lembranças entrecortadas, quiçá criadas, mas repletas de significado. Talvez porque o underground de Londres também não faça sentido e una áreas desconexas, separadas por linhas imaginárias, mas plenamente identificáveis pelos rostos das pessoas que completam os vagões.

(o título refere ao número de degraus para acessar a Russel Square Station. Yes, I took the stairs. I won´t do that again. Lesson learned).

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Entre a nostalgia e o porvir

O fim de semana de aliteração foi perto da praia.

Fotografias em 35 mm, leitura precipitada de filosofia, fondue de chocolate.

Percebi que vou sentir falta do mar. E do verão.

E de mim, no verão e no mar.

Por um segundo, pensei em ficar.

Mas lembrei que tudo se compensa.

O verde pelo cinza.

O mar pelo museu.

Eu por mim.